Em Busca de Uma Origem
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- Criado em Sábado, 31 Março 2012 19:42
Durante muito tempo prevaleceu uma ideia de que a Umbanda era eminentemente uma religião de matriz africana, mais precisamente uma resultante da miscigenação entre os ritos de nação, trazidos pelos escravos, com as crenças tradicionais indígenas e o catolicismo que, nesse contexto, teria oferecido os elementos do sincretismo.
Mais recentemente, contudo, à medida em que alguns autores espirituais – entre eles Ramatis – começaram a lançar luz sobre questões que permaneciam ainda na noite do desconhecimento e da ignorância, começou-se a vislumbrar a verdadeira história da Umbanda e toda a grandeza que se oculta por trás de seus símbolos e de suas tradições.
Certamente que não se vai negar o papel preponderante desempenhado pela cultura africana, não só no advento da Umbanda, como também em algumas de suas práticas, mas é preciso redimensionar esse papel, com isenção de qualquer tipo de preconceito, com vias a se chegar a uma compreensão mais perfeita da verdadeira origem dessa religião maravilhosa.
Hoje se sabe que a Corrente Astral de Umbanda é, por assim dizer, uma organização espiritual que age não só em escala planetária, mas em escala sideral, desempenhando importantíssimo papel no equilíbrio de sistemas planetários inteiros e, inclusive na criação de novos mundos, novas “moradas na casa do Pai”.
Sabe-se também que essa organização teve relevante participação na criação e evolução da própria Terra e que os Espíritos Luminares dirigentes da organização estavam aqui na aurora dos tempos, mexendo o cadinho experimental de metais incandescentes e de gases variados que iriam se converter no mundo em que hoje habitamos.
Um tal conhecimento dá a cada umbandista que o detenha a consciência da importância do trabalho que realiza no dia-a-dia e, ao mesmo tempo, a noção de sua própria pequenez dentro desse contexto, o que se converte em estímulo adicional para um maior esforço de aprendizado e crescimento pessoal, a fim de melhor servir nas fileiras da Umbanda.
Apesar disso, é preciso não se deixar deslumbrar por essa grandeza. É preciso frear a imaginação, para que não se vá de um extremo ao outro, saindo da atmosfera fabulosa das mitologias primitivas povoadas por deuses repletos de paixões humanas; para mergulhar em novelas de ficção científica, povoadas por seres oriundos de civilizações futuristas, animados pelos mais nobres ideais, desembarcando de naves espaciais resplandecentes para colonizar um planeta primitivo.
Então é aconselhável que, seguindo os passos da ciência, se façam alguns esclarecimentos: primeiramente não se pode compactuar com a idéia da existência de práticas umbandistas no planeta desde setecentos mil anos no passado. Isso porque uma prática religiosa, seja ela qual for, pressupõe a existência de seres pensantes, capazes de conceber uma divindade e a necessidade de se lhe prestar culto. Ora, a ciência já situou o advento do homo sapiens em cerca de cem mil anos no passado e é certo que o do homo sapiens sapiens é ainda mais recente. Assim sendo, não haveria práticas religiosas há setecentos mil anos, por absoluta ausência de praticantes.
O que é razoável e admissível nesse campo é que o surgimento do homo sapiens sapiens tenha coincidido com a chegada das primeiras levas de exilados Capelinos que traziam consigo vastos conhecimentos desenvolvidos no orbe de origem – já àquela altura em estágio evolutivo infinitamente superior ao da Terra – para serem compartilhados com os primitivos terráqueos, marcando assim o início de sua jornada evolutiva no reino hominal.
Esses exilados, contudo, em que pese possuírem grande desenvolvimento na área intelectual, eram verdadeiros celerados, no que tange aos padrões morais. Não eram, portanto, anjos guiados pelos mais puros sentimentos, até porque, se assim fosse, não haveria motivo para estarem exilados, uma vez que o exílio é uma pena e, no âmbito da justiça divina, não se aplicam penas a inocentes e benfeitores.
A Atlântida – cuja existência admitimos unicamente pela palavra de mentores como Emanuel e Ramatis – teria sido o berço a acolher os contingentes que detinham conhecimentos manipulatório e mediúnicos mais aprofundados, o que teria dado origem a uma civilização assentada em princípios religiosos voltados para o intercâmbio permanente com o plano espiritual e para a manipulação de fluidos sutis, prática logo confundida com magia pelos terráqueos primitivos.
O afundamento do continente atlante, decorrente da natural acomodação de placas tectônicas teria ensejado migrações maciças em direção a novas terras habitáveis. Assim, as populações da margem oriental do continente teriam migrado em direção ao continente africano, tendo se fixado ao longo dos vales arenosos do Nilo e nas selvas da Etiópia, onde fundaram grandes civilizações e difundiram suas crenças religiosas. Os remanescentes da grande civilização etíope teriam se encarregado, mais tarde, de levar a crença nos Orixás a todas as tribos subsaarianas. Parte desse contingente inicial ainda teria se deslocado até as planícies indianas, fixando-se às margens no Ganges, onde teriam dado origem aos árias e a toda a cultura indiana.
Por outro lado, as populações da margem ocidental da Atlântida teriam migrado rumo ao oeste, aportando nas praias da América do Sul, de onde se teriam espalhado até a Cordilheira dos Andes, onde também fundariam civilizações memoráveis por seus conhecimentos. Outra parcela desses migrantes, seguindo para noroeste teriam alcançado as florestas equatoriais da América Central, onde uma parte teria se fixado, dando origem também às grandes civilizações Maia e Olmeca e outra parte teria seguido até as planícies, florestas e desfiladeiros da América do Norte, ali se estabelecendo e produzindo, ao longo dos séculos aquelas que seriam as tribos norte americanas encontradas pelos brancos quando lá chegaram: Apaches, Comanches, Siouxs, Cheienes, Arapahos, Cherokees e tantas inúmeras outras que ali viveram felizes por milênios.
No Brasil, a miscigenação com as populações autóctones deu origem a inúmeros povos: Tupinambás, Aimorés, Carijós, Tamoios, entre tantos outros, muitos dos quais hoje extintos, mas cujo legado cultural continua vivo e presente nas práticas umbandistas, principalmente no que concerne ao conhecimento da flora e de seus princípios ativos, da utilização de seu prana para a execução dos mais diversos tipos de trabalhos praticados e ensinados por nossos queridos irmãos Caboclos, que chegam até nós envergando a vestimenta de seu passado feliz, que, muitas vezes, lhes valeu a redenção e a remissão de erros graves cometidos em um passado remoto e sombrio.
Toda essa herança cultural ancestral, longe de fazer da Umbanda, como muitos afirmam, uma religião primitiva, fazem-na uma religião sideral, um conhecimento que nos veio de outros mundos, de outras paragens e que teve a têmpera para resistir ao tempo e às adversidades, apresentando-se hoje para todos os umbandistas como um caminho suave e seguro rumo à evolução e à felicidade. Sarava Umbanda!