O BATISMO

Assim como tantas outras religiões, a Umbanda possui um batismo. Comumente o batismo é entendido como um renascimento, nas palavras do Evangelho de João (João 3:5) onde o indivíduo pelo arrependimento se torna isento dos pecados, passando a viver uma nova vida com Cristo.

Os umbandistas tem claro que não existe pecado, da forma como esse é entendido pela maioria das igrejas cristãs. Ainda que existisse, não seria um simples arrependimento que conduziria ao perdão dos mesmos, afinal Deus é pai, mas também é justo.

Assim, é correto afirmar que todos nós somos imperfeitos, falíveis, todos praticamos atos condenáveis aos olhos de Deus e da sociedade. Todo ato culpável acarreta um débito e reclama uma reparação. O arrependimento é, sem dúvida, um grande passo para nosso aperfeiçoamento, na medida em que nos prepara para não voltarmos a cometer os mesmos erros, mas a reparação continua sendo devida, pois o erro causa um desequilíbrio na Lei de Harmonia Universal e o equilíbrio tem que ser restabelecido.

Assim não existe batismo redentor, livrando-nos do pecado e nos introduzindo em uma nova vida. Isso é figura de retórica e tem uma boa aceitação, porque conduz ao comodismo, eximindo a tantos da necessidade de resgatar e reparar os erros cometidos.

O batismo na Umbanda possui uma outra natureza filosófica: quando ministrado a crianças incapazes de manifestar sua vontade, representa uma consagração daquele ser às hostes umbandistas. Como essa decisão não pode ser tomada pelos pais em nome dos filhos, para que seja válido, reclama uma confirmação, tão logo o indivíduo complete vinte e um anos.

Por outro lado, quando ministrado a um adulto, o batismo corresponde a um ato expresso de conversão. Inplica num conhecimento relativamente profundo dos princípios que regem a Umbanda e, consequentemente, uma aceitação desses princípios como elementos norteadores de conduta em todas as ocasiões da vida.

Na Umbanda, ao aceitar o batismo, o indivíduo está dizendo para si mesmo e para os outros: "conheço a Umbanda e seus princípios e concordo com todos, estou disposto a participar do trabalho empreendido pelos mensageiros da Corrente Astral de Umbanda, na construção de um mundo melhor". Esse é o sentido. A partir daí, as entidades passam a contar com aquele indivíduo de modo mais completo e efetivo, face à evidente opção que ele fez de servir.

É uma cerimônia que deve primar pela simplicidade, sendo realizada numa cachoeira, ou numa praia, onde, sob o comando do dirigente do terreiro, o batizando manifestará expressamente sua concordância com os princípios umbandistas e sua concordância em servir a Deus nas hostes da Umbanda Sagrada, após o que terá sua cabeça colocada sob a água, como forma de selar aquela opção e aquele compromisso.

O Dirigente não deverá estar mediunizado, mas as entidades estarão presentes vibrando sobre aquele que está se batizando e administrando energias renovadoras e vivificantes.

Inúmeras casas determinam que o batizando confeccione uma toalha de batismo, que deverá acompanhá-lo, posteriormente em todos os atos que praticar na Umbanda. De nossa parte entendemos que o ato vale por seu conteúdo implícito, sendo dispensáveis quaisquer exterioridades, contudo nenhum mal existe na confecção da dita toalha ficando a critério do batizando fazê-la, ou não.

Após o batismo que corresponde ao primeiro ato de iniciação nas fileiras umbandistas, o recém-batizado poderá confeccionar sua guia de Oxalá, para usar durante a realização dos trabalhos mediúnicos, daí por diante.

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