AS GUIAS

Também conhecidas como fios de contas, as guias são colares ritualísticos muito utilizados na ritualística de Umbanda. Embora seja alvo de muitas críticas, o uso desse tipo de acessório sempre foi muito comum em várias religiões, desde Egito e Babilônia, até a Igreja Católica Romana, com seus terços e rosários que, curiosamente, ninguém critica.

Ao contrário do que muitos pensam, as guias não são adornos ritualísticos. Sua função excede em muito o caráter meramente estético. São principalmente condensadores de energia que atuam como escudos fluídicos do médium, ao longo dos trabalhos de atendimento.

Ao mesmo tempo, por sua cor e por sua constituição, são capazes de receber com maior facilidade determinadas faixas de vibração, constituindo-se, quando adequadamente confeccionadas, em verdadeiros links entre o médium e a entidade à qual a guia esteja consagrada.

Finalmente, as guias são também um elemento de identificação, na medida em que seu uso permite saber quem são as entidades regentes da mediunidade de cada um dos participantes em um sessão de trabalho.

W.W. da Matta e Silva em sua obra Umbanda de Todos Nós esposa um entendimento favorável ao uso de guias, mas, ao mesmo tempo tece sérias críticas a determinadas práticas que ele considera alheias à verdadeira Umbanda. Assim, alega que a verdadeira guia só pode ser confeccionada com elementos naturais, como favas, raízes, pedras, enfim, tudo que provenha diretamente da natureza e que tenha sido pedido pela entidade dona da guia.

Nessa linha, critica acidamente o comércio indiscriminado desse colares em lojas especializadas em produtos religiosos, dando especial ênfase em sua crítica aos materiais utilizados, entre eles o plástico, a louça e o vidro que, em sua concepção, não possuem as características funcionais necessárias para que as guias sejam operacionais.

A parte o respeito que tenho pelo mestre Matta e Silva – uma das referências de nossa linha doutrinária –, discordo dessa posição, pelo menos no que tange a dois desses materiais.

Quanto ao plástico e outros sintéticos – exceção feita ao poliéster – admito tratarem-se de materiais absolutamente inertes a qualquer tipo de energização e que, portanto, não se prestam à confecção de guias, podendo, quando muito compor alegres bijuterias.

Já o vidro e a cerâmica são sabidamente poderosos dielétricos, largamente utilizados em eletrônica para a produção de capacitores, cuja função precípua é justamente condensar eletricidade. Isso, por si só já demonstra a operacionalidade desses materiais e a viabilidade de seu uso em nossas guias.

Além desses, também os cristais podem ser utilizados, mas seu uso só é viável em estado bruto, visto não haver grande incidência de lapidação e, ainda que houvesse, o preço seria absurdo.

Ao lado de tudo isso, resta ainda a questão da praticidade, pois nos dias de hoje a vida atribulada das pessoas não permite que se esteja constantemente fazendo incursões à mata, à cata de materiais exóticos para confeccionar guias. Da mesma forma, a utilização de certos produtos, como aqueles típicos do mar, inviabiliza a prática a quem reside distante do litoral.

Os materiais como contas de porcelana ou vidro podem ser encontradas com absoluta facilidade e adquiridas a baixíssimo custo, o que facilita o trabalho de quem se propõe a praticar a Umbanda.

Vale ainda salientar que as guias são objetos personalíssimos. Isso equivale a dizer que de nada vale comprar uma guia pronta em uma loja, já que um dos segredos de seu poder reside justamente na energia despendida no momento de sua confecção, energia essa que deve ser do próprio médium que a irá utilizar.

Acrescente-se também que existe uma numerologia específica para a quantidade de contas usadas em cada guia, assim é necessário saber a quantidade correta a ser utilizada em cada guia a ser produzida.

Finalmente deve-se acrescentar que, após sua confecção, a guia deverá permanecer por três dias dentro do amaci preparado com sete ervas próprias da vibração do orixá a quem a guia se destina.

O amaci em questão deverá ser feito pelo próprio médium, com ervas frescas recém colhidas, maceradas em local apropriado, à luz de uma vela e sob a fumaça de um defumador, também da vibração do mesmo Orixá.

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OS BANHOS

Todo médium de Umbanda e eventualmente também os consulentes, quando receitado, devem fazer banhos destinados a melhorar a própria vibração e sua sintonia com o plano astral.

Existem banhos com diferentes características, podendo ser de eliminação ou descarga, também popularmente conhecidos como banhos de descarrego; de fixação ou harmonização, ou ainda banhos de elevação ou litúrgicos.

Os banhos de descarrego são preparados com água e sal grosso, ou então com ervas específicas para essa função.

O paciente, em sua própria casa, após o banho de higiene, despeja o conteúdo do banho do pescoço para baixo, enquanto faz uma prece, pedindo que seja feita a limpeza das energias saturadas, de larvas astrais, enfim de todo elemento energético negativo que o estiver prejudicando.

Os banhos de fixação são tomados da mesma forma, com a diferença de que, nesse caso, a água é jogada também sobre a cabeça, enquanto se pede que as energias provenientes dos elementos do banho sejam aproveitadas para harmonizar sua mente, produzindo vibrações positivas, bom ânimo, inspiração para a prática do bem e da caridade, enfim, tudo aquilo que o paciente julgar necessário e salutar para sua vida naquele momento.

Quanto aos banhos de elevação, esses são reservados para médiuns que se encontrem em um estágio avançado de sua iniciação.

Todos os banhos que se utilizem de ervas são preparados da mesma forma: coloca-se uma bacia de água no fogo e deixa-se a água ferver. Assim que iniciar a fervura, desliga-se o fogo e depositam-se as ervas na água. Tampa-se o recipiente e espera-se a água esfriar. Enquanto isso, está ocorrendo a infusão e o prana vital das ervas está sendo liberado na água para ser utilizado na harmonização energética do paciente.

Tais banhos podem ser tomados em casa, respeitando-se os dias certos que serão indicados pela entidade que os receitar.

Neste site, na guia de cada Orixá, poderão ser encontradas sete ervas regidas pela vibração em questão, contudo desaconselhamos que quaisquer banhos sejam tomados de forma voluntária, pois, em caso de harmonização, por exemplo, deverá sempre haver uma combinação de ervas do Orixá de cabeça, com as ervas da vibração originária do próprio médium.

Da mesma forma, no caso dos banhos de descarrego, seja para médiuns, seja para consulentes, há sempre particularidades que precisam ser obedecidas, a fim de que o efeito seja o melhor possível, por isso aconselhamos que banhos sejam sempre tomados sob a orientação direta de uma entidade, que saberá, melhor que ninguém, indicar os procedimentos apropriados para cada pessoa.

No caso das ervas, inclusive, há que haver um cuidado mais detalhado, pois algumas podem ser bastante tóxicas, se usadas de forma indevida, sem contar que mesmo não havendo toxicidade, sempre existe o caso de pessoas alérgicas a determinados princípios ativos e que poderão apresentar reações desagradáveis.

Umbanda é coisa séria e, assim como acontece com os medicamentos, que não devem ser ingeridos sem orientação profissional de um médico, também as práticas umbandistas devem sempre ser orientadas por uma entidade conhecedora dos princípios de manipulação energética.

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A FIRMEZA

Os chamados “trabalhos de firmeza”, bastante comuns na ritualística umbandista, são ainda muito incompreendidos pelos não-umbandistas e acabam por serem causa de muito do preconceito que ainda existe em relação à Umbanda. Isso porque esses trabalhos, popularmente conhecidos por “oferendas”, são confundidos com despachos, e tratados como prática de “macumba”

Também pesa sobre eles o conceito de que “espíritos não comem, não bebem, não precisam de nada do mundo material”, o que faz com que os umbandistas sejam tidos por ignorantes, pelo fato de ofertarem artigos materiais a quem só necessita de vibrações e de preces. Infelizmente as pessoas ainda tem o hábito de tirar conclusões apressadas, baseadas na aparência, sem procurarem buscar explicações mais aprofundadas sobre aquilo que observam.

Na verdade, os trabalhos de firmeza são uma forma de troca de energias entre os dois planos. Em essência, não são oferendas, até porque, pelo menos em um ponto os críticos estão corretos: as entidades que trabalham na Umbanda realmente não precisam de comidas, bebidas, ou quaisquer outros artigos materiais que se lhes pretenda oferendar. Isso compreendido, cabe então explicar que a firmeza se destina a uma manipulação das energias oriundas dos materiais ofertados e que são revertidas em favor do próprio ofertante. Explicando melhor: a entidade retira as energias atuantes dos materiais que são trazidos ao trabalho e utiliza essas mesmas energias para ativar centros de força do médium, melhorando sua sintonia mediúnica, atuando no campo mental e também físico, contribuindo até mesmo para sanar eventuais males orgânicos que eventualmente existam naquele momento.

Que fique claro que, nos trabalhos de umbanda, em nenhuma circunstância são utilizados quaisquer artigos de origem animal. Os materiais ofertados são sempre de origem mineral ou vegetal, sendo principalmente flores, frutas, verduras, ervas, além de velas, pedras, charutos e bebidas alcoólicas, de onde são aproveitados os fluidos etéreos do álcool.

Os vegetais, como verduras e ervas são preparados, quando tiverem de ser cozidos e, depois disso, são colocados dentro de um alguidar branco de louça, organizados de forma a formar um prato bem composto. Esse alguidar é depositado sobre uma toalha branca, onde deve estar riscado o ponto da entidade, se esse já for conhecido. Ao redor do alguidar são depositadas flores, caso haja, além de charutos ou outros elementos da oferenda. A bebida é depositada em um coité que será colocado à frente do alguidar, ficando o restante da bebida dentro da garrafa, também sobre a toalha. Ao redor são acesas as velas, na quantidade pedida para o trabalho e, então, é feita a oferenda.

A entidade ofertada manifesta-se, então, no médium e retira dos elementos as energias necessárias, já fazendo a fixação dessas mesmas energias nos centros de força (chacras) para os quais elas estejam sendo destinadas.

Outro aspecto importante é que tais trabalhos são realizados sempre no interior dos templos, ou em sítios naturais apropriados, tais como cachoeiras, matas ou pedreiras, caso em que, encerrado o trabalho, os materiais não perecíveis devem ser recolhidos, a fim de que não poluam ou comprometam o equilíbrio do local. Jamais trabalhos de Umbanda são feitos em esquinas urbanas ou em encruzilhadas. Tais práticas, embora há muito confundidas com práticas umbandistas, são absolutamente estranhas ao universo ritualístico da verdadeira Umbanda

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