Kardec, em sua codificação, deu a conhecer ao mundo todas as leis universais e imutáveis, entre elas, aquelas que regulam a situação dos espíritos no plano maior, bem como seu intercâmbio com os encarnados.
Ora, Deus é um só. Sua Lei é uma só. Não há lugar para duas verdades diferentes partindo de uma mesma fonte, de sorte que não é possível admitir que Kardec esteja certo e que orientações divergentes daquelas trazidas por ele também estejam certas. Seria ilógico.
Assim sendo e, considerando que a racionalidade da codificação Kardekiana é incontestável e que, pelo menos a nosso ver, ainda não apareceu nada que se equiparasse, ou que se sobrepusesse à doutrina de Kardec, do ponto de vista da lógica, qualquer umbandista esclarecido tem que ter claro que a Umbanda, no que tange aos princípios e aos ditames da Lei Universal, beberá sempre na fonte de Kardec e de todos os demais doutrinadores coerentes que o sucederam na tarefa de construir uma fé raciocinada. Espiritismo e Umbanda possuem, portanto, um núcleo comum: as verdades universais soberanas, imutáveis, a grandeza e a sabedoria da Justiça Divina assentada na Lei de Reencarnação, a imortalidade do espírito e sua escalada contínua a caminho da perfeição relativa que todos, mais cedo ou mais tarde, alcançaremos. Qualquer umbandista que duvide disso precisa rever suas crenças.
É muito comum ouvirmos umbandistas, recentes ou antigos, quando questionados sobre sua religião, responderem que são espíritas. Lato sensu isso é verdade, pois a verdadeira face de uma religião repousa em seus fundamentos, em seus princípios mais básicos e elementares e esses as duas religiões compartilham.
É certo, contudo que dois irmãos que compartilham o mesmo pai, a mesma mãe, a mesma educação e a mesma cultura não são a mesma pessoa. Diferem, no mais das vezes, os hábitos, as preferências, as vocações, as idiossincrasias, enfim, as características que enformam a personalidade e a individualidade.
Da mesma forma, Umbanda e Espiritismo não são a mesma coisa. É que a Umbanda adota práticas e rituais que estão ligados a sua simbologia e a suas origens e o espiritismo entende não haver lugar para rituais muitas vezes considerados excêntricos e desnecessários para a consecução dos objetivos pretendidos.
Cabe a todo umbandista respeitar essa visão e entender que existe lugar e público para as duas visões religiosas e que no panteão das religiões do mundo, os espíritas kardecistas são irmãos de ideal, compartilhando conosco os mesmos anseios de um mundo mais fraterno e mais cristão.