UMBANDA E CATOLICISMO

Como muito bem se sabe e muito já se acentuou nesta página, a adoção de santos, rezas e outras crenças e práticas características da Igreja Católica foi um recurso estratégico empregado pelos escravos para praticarem seu culto em cativeiro.

Tal recurso teve historicamente sua importância e justificativa, mas a Umbanda em seu nascedouro já não mais necessitava de recorrer a estratagemas para sobreviver e se perpetuar, por isso entendemos que a presença de dogmas católicos na crença umbandista decorra de um equívoco que, presentemente, não tem mais razão de existência.


Nada temos contra o catolicismo, ou contra os católicos. Como toda religião sincera tem o nosso respeito e nossa consideração. Contudo é imprescindível que se destaque que Umbanda e Catolicismo tem em comum unicamente o monoteísmo e o cristianismo. No mais, são religiões completamente diferentes, afastadas mesmo em suas bases filosóficas.

O catolicismo não acredita na doutrina da reencarnação e muito menos no intercâmbio entre os planos da vida. É a crença deles. Não merece críticas, nem anátemas, mas requer o reconhecimento de que são crenças distintas e, soa até mesmo desrespeitoso para com os irmãos católicos que nos apropriemos de elementos de sua crença para uso em práticas que muitos deles inclusive não aprovam.


Pior ainda é o argumento de que a presença de imagens e rezas católicas nos terreiros é importante para que os católicos que costumam frequentar casas de Umbanda possam se sentir mais à vontade. Isso soa como enganação; é uma forma deselegante e ardilosa de cooptação. Católicos devem sempre ser bem recebidos em qualquer terreiro de Umbanda e o principal elemento a lhes trazer bem estar deve ser sempre o sentimento de fraternidade que anima filhos do mesmo pai que, embora pensem diferente, continuam irmãos.

Novamente é necessário que se diga que nada temos contra os santos católicos. Respeitamo-los como espíritos evoluídos que certamente são, mas, fora dos conceitos sincretistas, não há nenhum tipo de garantia ou certeza de que tais espíritos militem na Corrente Astral de Umbanda. Se o fazem, fazem-no de forma anônima, exatamente para evitar o choque ideológico que uma tal informação causaria.

Para muitos católicos, a presença de imagens de santos em terreiros de Umbanda é considerada um sacrilégio. É a crença deles. Foram eles que os canonizaram e certamente nenhum umbandista gostaria de ver um símbolo de Umbanda utilizado por outra religião em circunstâncias que julgássemos desrespeitosas. Pois bem, é preciso entender que para muitos católicos, independente de qualquer sentimento de veneração pelo santo, a simples presença da imagem é considerada uma forma de vilipêndio. É um direito deles.


Faz-se tempo de a Umbanda encontrar seu próprio caminho, possuir sua própria doutrina, desvencilhada de elementos sincréticos. A escravidão ficou para trás, guardada nos arquivos da História. Somos livres para professar nossa crença e temos suficientes elementos de culto e de fé, sem precisarmos nos apropriar da fé alheira. Saudemos sempre os católicos como irmãos, Respeitemos sempre suas crenças e saibamos praticar as nossas de forma independente e madura.

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