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Monoteísmo e Identidade

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Monoteísmo e Identidade

Algumas vezes o esforço que empenhamos no NEU em prol de estabelecer princípios mais rígidos para a doutrina de Umbanda pode parecer algo preconceituoso, ou mesquinho, mas é, na verdade, uma luta pela coerência, pelo bom senso e, até mesmo pela simplicidade doutrinária que pode conferir à Umbanda a respeitabilidade que ela merece e que não tem tido de parte das demais doutrinas religiosas e da população em geral.

A rigor, a maior parte das doutrinas religiosas são, por extensão, doutrinas filosóficas que encerram em seus sistemas uma cosmogonia, uma lógica e uma moral que procuram manter-se em harmonia no conjunto do sistema, visando a fornecer a seus fiéis, no mínimo, explicações razoáveis para os questionamentos existenciais básicos.

Ora, o conceito de lógica nos remete imediata e instintivamente a conceitos de coerência; e, quando falamos de coerência, temos que ter claro que aspectos completamente divergentes e excludentes entre si não podem ser conjugados e harmonizados dentro de um mesmo sistema filosófico, sob pena de conduzirem a um paradoxo sem solução que inviabilize o sistema como um todo.

Tendo isso como um balizamento de nosso raciocínio, dizemos em seguida que a ideia mesma de religião é inseparável da ideia de divindade, na medida em que a objetivação do “religar” se dá na pessoa do ser superior. Pode-se dizer, então que um dos fundamentos primários de uma religião reside no conceito de divindade e esse conceito implica não apenas em suas qualidades, mas igualmente em sua quantidade. Vale dizer: um Deus, ou vários deuses?

A resposta a essa pergunta delimita inúmeras outras características que estão inexoravelmente interligadas e que irão, por sua vez, delimitar inúmeras outras em cascata. É exatamente por isso que falamos em um “sistema” filosófico, referindo-nos à doutrina de uma determinada religião. A noção de sistema implica interligação orgânica entre as partes integrantes de um todo.

Dessa forma, quando afirmamos que a Umbanda é uma religião monoteísta, estamos, por conseguinte e por decorrência lógica, afirmando uma certa quantidade de outras características: se, por exemplo, só existe um Deus, então é absolutamente impossível dentro de uma perspectiva lógica e de coerência que Ogum, Oxóssi, Xangô, Yemanjá, entre outros, sejam tratados e encarados como divindades, porque a singularidade de divindade não convive com a pluralidade de divindades. Seria um paradoxo insanável.

Apesar disso, vemos no cotidiano de nossa religião, grande número de fiéis – alguns até muito bem intencionados – apegados a velhas lendas africanas sobre os Orixás e acreditando na divindade de tais personagens e prestando-lhes culto. Quando se lhes afirma que Orixás não são deuses, alguns discordam claramente e outros afirmam que realmente não o são, mas quando se lhes pergunta o que são, então, esses Orixás eles não sabem explicar e acabam por retornar à versão de que são divindades menores. Pior do que isso, vemos autores publicando livros inteiros – algumas vezes em mais de um volume – defendendo e ensinando essas incongruências, e muitas outras tão ou mais incongruentes que essas.

Então, para manter o foco e para marcar definitivamente posição, devo reafirmar de forma inequívoca e categórica: Umbanda é uma religião monoteísta. Como consequência dessa afirmação, Orixás não são deuses, como afirmam as mitologias africanas e não devem ser reverenciados do modo como o são nos diversos cultos de nação, até porque, ao contrário do que muitos pensam, Umbanda não é uma simplificação dos diversos cultos africanos; vale dizer, não é uma simplificação do Candomblé.

Na realidade, à exceção do nome de cinco Orixás básicos, Umbanda nada mais tem em comum com o Candomblé, seja de que nação for. Assim, ao mesmo tempo que afirmamos nosso respeito ao Candomblé como manifestação cultural legítima de um povo, afirmamos também que, se o que se manifesta no transe mediúnico do Candomblé é um deus, ou um emissário desse deus, então ou os umbandistas, ou os candomblecistas estão errados – pelo menos no que concerne a conceitos –, pois não há como conciliar conceituações antagônicas e que se excluem mutuamente, como se pode perceber claramente, a partir dos aspectos que aqui eu levanto.

Mais do que afirmar o monoteísmo, afirmo que Umbanda é uma religião cristã. Esse cristianismo, além de referendar o monoteísmo; pois é absurdo pensar que alguém possa se afirmar cristão e politeísta ao mesmo tempo; ainda aponta em algumas outras direções que se contrapõem a diversas práticas e doutrinas disseminadas por aí com o rótulo de Umbanda.

A essência da doutrina do Cristo repousa sobre a prática do bem, sobre o primado do amor incondicional ao próximo, sobre a preservação do altruísmo, sobre o perdão das ofensas, entre outras bases.

Não concebo – e também não acredito que alguns possam realmente conceber – que se possa inadvertidamente praticar o cristianismo, ao mesmo tempo em que se realizam “trabalhinhos” tendentes a trazer danos, prejuízos, dissabores, desgraças à vida de outros seres humanos, como se isso fosse natural, desejável e ético. Dizer-se cristão e sustentar ideológica e ritualisticamente tais práticas é, na melhor das hipóteses, demonstração de um grau elevado e potencializado de ignorância e, na pior das hipóteses, manifestação de uma lamentável má-fé e de um caráter de verme (que me perdoem os vermes se lhes faço injustiça).

É, portanto, necessário que todo verdadeiro umbandista se conscientize desses aspectos, internalize esses fundamentos de forma intransigente e, a partir daí começará a haver uma gradativa demarcação de territórios e aqueles que não se afinam com as características da Umbanda verdadeira perceberão que têm absoluta liberdade (constitucional, inclusive) para praticar suas crenças, sejam elas quais forem, mas terão de se convencer de que aquilo NÃO É UMBANDA.

Algumas das questões que aqui levanto são tão evidentes e, muitas vezes, evidentes à primeira vista, que temos certeza de que grande número de umbandistas sinceros e dedicados, mesmo que não se manifestando no sentido de perguntar e cobrar explicações, vive em conflito com suas concepções, pois tem certeza de sua mediunidade, tem certeza da presença de seus mentores, mas não consegue conectar racionalmente os conceitos ridículos, às vezes perversos, às vezes pueris, que lhes são repassados oralmente por alguns indivíduos que se auto intitulam “pais de santo”, alguns dos quais ainda ostentam com incontido orgulho: “feito na Bahia”, “raspado no Candomblé”.

Ora, é necessário então que se diga: ninguém é “feito” em Umbanda. Nem na Bahia, nem no Rio de Janeiro, nem na África, nem em lugar algum, porque a Umbanda não tem feituras, não tem camarinhas, não tem recolhimentos, não tem boris. Não adianta falar do segmento de Umbanda africanista, porque a Umbanda é uma só e, sendo assim, não existem segmentos, o que existe é verdade ou inverdade, autenticidade ou impostura.

E, enquanto as casas sérias de Umbanda não fizerem um investimento pesado em educação de seu corpo mediúnico, continuaremos a conviver com toda essa insanidade e, consequentemente, a ver nossa Umbanda ser achincalhada, desrespeitada e vilipendiada em instâncias diversas e principalmente na mídia, por ignorantes que rivalizam com os falsos umbandistas em desconhecimento, incompetência, mas que têm dinheiro para comprar emissoras de televisão e atacar a religião dos outros.

Reitero, por fim, o que já disse em muitas outras ocasiões: a Umbanda precisa assumir sua identidade real e preservar-se fiel a essa identidade. Nem argumentem que é uma religião universalista e que, por isso, não vai jamais ter uma única face, porque o universalismo da Umbanda consiste em acolher indistintamente e sem restrições qualquer pessoa que a procure. Temos que aprender a lidar com alguns conceitos. Universalismo é acolher os indivíduos, o que não tem nada a ver com assimilar seus hábitos, principalmente aqueles nocivos e dissociados dos fundamentos de uma doutrina cristã.

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