Iansã
Aspectos Gerais da Legião.
Para iniciar, deve-se assinalar que Iansã, a exemplo do que já se disse de todas as demais Linhas e Legiões, é uma vibração. Na verdade, é uma subvibração enfeixada dentro da vibração Iemanjá.
Logicamente, muito do que se disse sobre Iemanjá também se aplica a Iansã, já que existe entre as duas forças uma relação de continência, contudo deve-se acentuar que a vibração Iansã, conquanto representativa do eterno feminino universal, traz em si o princípio da ação, da vontade direcionada, da capacidade de luta e conquista dos objetivos, lembrando que essa prerrogativa não é privilégio do polo Yang da natureza, mas um atributo legado por Deus a ambos os gêneros.
Esse fato valeu a Iansã na imagística dos africanos a alcunha de Orixá Guerreira, aquela que, segundo as lendas, combatia ao lado de Xangô.
Os combates que Iansã representa são, na verdade, as lutas enfrentadas pelas mulheres na superação das dificuldades, dos desafios da vida, na batalha pela sobrevivência e pela transformação da realidade objetiva, em parceria com seus companheiros, afinal criar e educar filhos equivale a vencer uma guerra, mas é mais meritório; ser o sustentáculo moral de uma família tem mais valor do que defender um império.
Acentue-se, também que Iansã não é uma divindade, como muitos ainda creem. A vibração Iemanjá se divide em sete Legiões distintas e uma delas é comandada por uma entidade de altíssima hierarquia que atende pelo nome de Cabocla Iansã. Num processo metonímico, seu nome passou a designar a Legião que ela comanda.
Na ordem dos fenômenos naturais a Vibração Iansã controla os ventos, os raios as tempestades e o amanhecer do dia, razão por que também é chamada de "Senhora do Amanhecer".
A influência de Iansã sobre os encarnados se dá através do Chakra Ajnâ, ou Plexo Frontal, cuja representação gráfica encontra-se à esquerda.
Na Umbanda é uma Legião de Caboclas, cuja dirigente máxima - Cabocla Iansã - foi sincretizada pelos africanos com Santa Bárbara (imagem ao lado), a fim de que pudessem, sob o manto de imagens católicas, cultuar em essência seus orixás tribais.
A representação simbólica de Iansã é a de uma mulher surgindo da ventania, entre raios, brandindo uma espada. Essa imagem é uma das mais completas na imagística umbandista, visto que consegue agregar todos os elementos ligados à vibração em questão, tanto aqueles que estão ligados aos fenômenos naturais, quanto aqueles ligados ao comportamento das pessoas. Por tudo que representa, por seu simbolismo, por sua atuação, Iansã é uma das vibrações mais conhecidas e mais queridas no Brasil. Tanto que acabou recebendo Status de Linha, embora não o seja, sendo cultuada separadamente - assim como Oxum e Nanã - do restante da Linha de Iemanjá.
Por se tratar de uma Legião e não de uma linha, não há que se falar em sete chefes de legião. Nunca é demais lembra, contudo, que a Vibração Iansã ainda sofre várias subdivisões.
A Legião se divide em falanges, as falanges se dividem em subfalanges e as subfalanges se dividem em grupamentos. Num trabalho de Umbanda, quando se canta para Iansã, as entidades que se manifestam, incorporando nos médiuns, são sempre Caboclas que geralmente estão no grau de protetoras, o que as coloca na condição de integrantes de grupamento.
A fim de romper com os velhos mitos, vale ressaltar mais uma vez: são Caboclas, não são divindades. A Umbanda é uma religião essencialmente monoteísta e não existem divindades paralelas no Universo. Deus é um só e Se faz ajudar por espíritos de alta hierarquia, detentores de grande padrão evolutivo, mas que, nem por isso, se tornaram deuses também.
Essas Caboclas assumem nomes diversos, conforme a Vibração em que se enfeixem. Na Vibração Iansã podemos citar os seguintes:
Cabocla Bartira*, Cabocla Jussara*, Cabocla Raio de Luz*, Cabocla Raio de Luar*, Cabocla do Vento*, Cabocla Potira*, Cabocla dos Raios*, Cabocla da Pedreira*, entre outros. (1)
As Caboclas de Iansã apresentam sempre um porte majestoso. Costumam rodopiar pelo terreiro durante longo tempo. Apresentam-se quase invariavelmente balançando o braço, como quem estivesse brandindo uma espada. Aplicam passes de energização e de descarrego, mas não costumam falar muito.
Na essência, nem todas as entidades que se apresentam nessa vibração tiveram encarnações como índias americanas, afinal Cabocla é um arquétipo e o que importa é a sintonia com a vibração e a capacidade de trabalho.
Correspondências Vibratórias da Legião.
- Cor representativa: Amarelo ouro.
- Dia da semana favorável: Segunda-feira.
- Astro correspondente: Lua.
- Signo correspondente: Câncer.
- Nota musical correspondente: Si.
- Metal correspondente: Cobre.
- Minerais correspondentes: Ametista, quartzo rosa, pedra da lua, ágata rosa e amarela, pérola, água-marinha, opala, rodocrosita e kunzita.
- Flores consagradas: Palmas ou rosas amarelas.
- Ervas correspondentes: Dormideira, Anil, Erva de Santa Bárbara, malmequer, orquídea, para-raio e bambu (existem outras, mas aqui listamos sete que podem ser usadas para banhos ou amacis).
- Data comemorativa: 4 de dezembro.
Instrumentos de Culto.
Na Umbanda, o único instrumento de culto utilizado pelas Caboclas de Iansã é a guia, confeccionada em contas de cristal na cor amarelo-ouro.
Pontos Cantados.
Os pontos cantados para a Vibração Iansã costumam apresentar ritmos mais cadenciados, mais assemelhados a canções de louvor e de exortação. As letras em geral falam dos ventos, de tempestades, do amanhecer e de lutas. Espelha, em outras palavras, os elementos de domínio da Vibração.
Pontos Riscados.
Na Legião de Iansã, os pontos riscados seguem as normas estabelecidas na chamada "Grafia dos Orixás", onde as entidades são identificadas através dos sinais de "flecha", "chave" e "raiz" Nesta Legião, os sinais são assim grafados.
Saudação a Iansã.
A saudação à Vibração Iansã é: "Eparrei Iansã!"
(1) Todos os nomes de Caboclas marcados com asterisco foram copiados do site Caboclos na Umbanda e Ancestralidade indígena, acessível em http://caboclosnaumbanda.blogspot.com/search/label/NOMES%20DE%20CABOCLOS